sexta-feira, 26 de setembro de 2014

WHO LOVES ME?



– Defu, tu vistes o que eu vi ontem?

– Não sei como tu consegues ficar tão concentrada num tubo… Nem reparas se tem cia de plateia.

– Tu não sais de lá, eu sei. Tem açúcar no apagar das luzes. Ou sais, sei lá. Mas vistes ou não vistes?

– Bem que tu gostastes do desaparecimento das formigas!

– Tu andastes contando?

– Das formigas pra mais alguém?

– Não. Os passos que elas davam a procura de um defu-vivo se fazendo de morto.

– Castigo, Linda. Dá coceira. Brinca assim não.

– Mas vistes ou não vistes?

– Não só vi como escutei.

– Hahahaha… Tu só escutas, Mané. E desta vez tu não entendestes nada. Adorei.

– Tu pensas que não consigo entender o que dizem só porque uns e outros falam alemão?

– E não?

– Claro que não, Santa. Entendo tudo – e escuto também, lógico – em qualquer idioma.

– Como tu podes entender tudo tendo nascido no fim do mundo a milênios?

– Aí é que está a falta de mágica pra quem tem falso entendimento do ressuscitar. Mocinha, ressuscitou, ganhou o tubo com tudo que vem dentro dele no aqui e agora, no lá e depois, no ali e antes, concomitantemente, e sem dor de dente. Não tem mais o que tu não entendas feita a magia da ressuscitação. Neguinho abre a boca no Japão e tu captas, do princípio ao ponto final, votando sim ou não pro perdão.

– Perdão? Por que? Quem fala, seja lá o que fala e onde quer que esse alguém fale, comete pecado e, antes do ponto, já está em julgamento por um narigudo que mal entende de jumento?

– Hahahaha… Grossa. Mas eu te amo. Pois assim é. Mané vai falando e uma cambada de ressuscitados vai só anotando. Não escapa nada. Tudo arquivadinho para a hora do Apocalipse Now.

– Posso saber quando vai ser essa hora?

– Pergunta pro tubo, Santa. Tu não preferes ficar concentrada nele? Então, pergunta pros teus coleguinhas que estão lá dentro se esse Now é Agora, se já foi ou se ficou pra mais Tarde. Hahahaha…

– Defu, tu sabias que tem gente que tem medo desse teu papo de Assombração?

– Assombração, eu? Que jeito? Tu já vistes a cor que tenho?

– Cor? Caveira tem cor, ex-et-terráqueo?

– Hahahaha… Depende do papel que os ossos assumem no desempenho. Flor, tá chovendo?

– Tá. Mas é pouco. Dizem que a água vai acabar. Aliás, pelas minhas contas, já era até pra ter acabado. Penso que andam bem filtrando o xixi da moçada.

– Se há quem transforme água em vinho, por que não quem transforme xixi em água?

– Hahahaha… Defu, desaparece. Jesusliebtmich.

– Tá vendo só? Pura alienação.

– Ouvir isso vindo de um Alien… Tu sabes bem.

– Como não te amar, Alien-ada. Adão que o diga.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Geólogos acham possível continente submerso a 1.500 km do RJ

MERGULHAR OU ESPERAR QUE A TERRA SUBA?


– Aí é que estão as Malvinas…


– Com F, Falklands…


– Então, inglês não queria só ver?


– Talvez questionar, talvez renascer.
..

– Mas continente posto, cada qual com seu rosto.


– Tu achas que simplificando desse modo a miscelânea que deu origem a essa confusão, poderás explicar o inexplicável, posto que tudo se torna inaplicável quando a visão está cega pela própria existência do ser?


– Não sou tão inocente, todavia, o tratado sobre insignificância daquele outro chegou bem perto do não-entendimento de si mesmo pelo qual sucumbimos.


– Se sucumbimos, por que retornastes?


– Talvez para manter a testa lisa.


– Hahahaha……. Tu podias ter poupado soldados, dado que, ainda que cada qual no seu posto, tu nem mesmo trocas de rosto.


– Pois é, Mané. Mas, agora, se a casa não cai, caem os disfarces. Vamos mergulhar ou esperar que a terra suba?


– Sonho meu, tu sabes o tamanho do pesadelo que teremos de enfrentar se a Terra insistir em se mexer do lugar?


– Sei que, depois que tu me antenastes, acabou a paz dos mortais. Tu reparastes bem no semblante de múmia da última que tu abduziu? Valha-me, Faraó! Onde isto vai parar? Na Nova Terra Santa?


– Senhora, Jesus não demora quando diz que ora, que sobe, que desce, que esmorona, que mora, que marina, que migra, que imigra, que vira, que revira, que publica, que biblica, que rasga, que alaga, que alarga, que segura, que figura, que transfigura…


– Não me perguntes, portanto, com que rosto eu vou. Ou fui. Nem me recrimines pelos soldados a postos. Tu sabes tudo que posso e não posso. Mais do que, são os próprios nomes, com teus homens, que se contradizem.


– Tu provocas, Santa. O que tu querias? Sol sem testemunha? Se tu prossegues, a caçada vai acabar no laser. Além do que, poucos são os que têm a chave desse posto. Tu retornas, enfim?


– Preciso de mais tempo. Tu sabes. Pensemos bem…


– Hahahaha……. Pensemos, Flor? Isto não te pertence mais! Deixe que pensem os humanos. Tu tens a testa lisa de saber – ou estás careca de saber, como tu preferires – que já te transfigurastes no pensamento em si. Tu não pensas, eu não penso, nós não pensamos mais. Somos o Pensamento, Flor. Jamais o deixamos de ser, ainda que a Terra tenha deixado de ser firme.


– Tu gostas de zerar minhas falas, do nada pelo nada, e fica a parecer um tal Pessoa que queria ver o mundo inteiro virando português, apesar de ter enviado o mais nobre pensamento dele a viver no Brasil. Tu crês que pra mim é fácil ser de cá e de lá, com estas algemas a apertar os pulsos da minha sensibilidade? Tu te lembras minha idade?


– Melhor não lembrar e ir mudando de assunto, antes que tu me fales em cortar…

– … os pulsos?


– Claro que não. Tu achas que eu não sei com quem estou falando? Eu ia dizer: antes que tu me fales em cortar tua biografia pra eliminar, digamos, as partes mais antigas, ao emergir do continente que conténs na tua mente, cuja porta da biblioteca faria até viajante intergalácteo ficar de boca aberta.


– Well, Mestre Intergalácteo, o que tu me pedes que eu não te faço em quintuplicidade?


– Queres que eu o diga em público?


– Prefiro sem comentários desnecessários, entretanto, como já dizia um grande inconformado com todo este circo e suas instâncias, posto que, de fato, nunca se sabe onde está escondido o inimigo mais feroz, dado o tamanho destas galáxias, umas abduzidas, outras não, wherever they exist, nós os encontraremos, nossos antepassados presentificados, ok?


– De novo tu consegues o que tu queres, sem me dar nada em troca. Quanto tempo?


– Nada em troca? Tu não vistes quantos ratos já não fiz sair de suas tocas?


– Vi sim. Os parisienses adoraram, Flor. Quanto tempo?


– Tu dissestes que é pra eu não pensar, consequentemente, me apropriarei do pensamento de outros, neste caso exclusivamente, bom explicar... de outros terráqueos, pois aqui estou eu neste dado momento, istoé: na data de hoje, há quem fale em 20, quem fale em 5 e quem se contente com 4. O que tu me propões? Um 8, talvez?


– Flor, pelo 8 tu vais e voltas na minha mão, sem sair da linha, reparastes?


– Como não, meu Faraó, no entanto, os círculos feitos “dele” são bem pobrezinhos para alguém da tua Magnitude. Noves fora, pegar em mala por agora não fazia partes dos meus planos, ou seja, estou desprevenida para a “meditação” da partida.


– Jesus, como colocar na faixa o que nunca se encaixa?


– Hahahaha……. Nisso posso até dar um jeito. Mas aí doi pra rir e, pelo andar da carruagem, essa abdução vai longe. Aliás, poder de anjo ou demônio?


– Depende do interlocutor. Sabe quando tu viras bruxa?


– … tenho meus motivos.


– Anjos e demônios também.


– Papo em dia, mesmo sem as chaves da algema, hora de ir à luta again. Como tu sabes, apesar da bruxaleza, eu amo…


– … muito tudo isso.


– Grau de compromisso. Saudade.


– Ok. Very well. A capa é tua, mas a espada é minha, nunca te esqueças.