sexta-feira, 15 de maio de 2015

LAVA DEVAGAR, VAI...



– Satanás, tu estás por perto?

– Hahaha....

– Vem cá, cara. Melhor, vai pra lá, mas me diga, cara. Melhor ainda, só me escute. Dá o fora da minha lavanderia, entendeu?

– Hahaha... Agora os caras vão te mandar a camisa.

– Eu já comprei as camisas que precisava. Carece mais nenhuma por aqui, não, senhor, apesar da bolada que me deram naquela uma. Nem pra usar, nem pra lavar, nem pra passar. Vou repetir: dá o fora da minha lavanderia.

– Hahaha... O que te faz crer que eu ando por lá?

– Que tu andas, que tu dormes, que tu tiras uma folga por lá, queres dizer. Tu sabes bem. Só falta mesmo tu abrires tua marmita por lá, do lado da cadelinha, coitada, que deve desconjurar tua cia intrusiva. Aliás, tu vistes o tamanho dos caras? Tu achas que aquela quentinha mata a fome de um segura daquele tamanho, cara?

– Hahaha.... Quem pode menos, come menos e chora mais, sem poder usar a buzina. Era pra levar.

 – Para algum pobre, ou melhor, desprovido de recursos – afinal, somos todos ricos tendo tua companhia?

– Não acabastes de dizer que a cadelinha me desconjura?

– Pois tu chegas no susto! Sem ninguém te chamar, tu não achas melhor ficar no aconchego do teu espaço angelical, onde teu Pai te mandaste dar expediente? Se aboletar na minha lavanderia pra que, me diga?

– Era pra levar pra chefia.

– Tu brincas?

– A chefia brinca, florzinha. Tu já estavas no caminho errado ou não estavas?

– Quer saber, E-N-T-E-D-I-A-N-T-E. Eu ia estudar, tu sabes...

– Com legenda, Flor? Adianta nada.

– Tá. Estreitinho tudo, por aqui, reparastes? Faltam mesmo só as algemas. Tu sabes, minha claustro mental me põe na estrada, hein! Não provoca, não. E sai da minha lavanderia.

[...]

– Entendeu?

– Entendi.

– Só falta mesmo ter de deixar por escrito pra tu leres assim que o alarme toca? Se não te ajudo, tu passas o dia, a semana, o mês como? Qualquer dia destes, esqueces o caminho de casa.

– Tá bom. Então, sai da lavanderia e pode ficar na sala, mas não precisa ir deixando pistas pelo caminho. Tu sabes que odeio encontrar coisas fora do lugar.

– Eis porque estou sempre onde tu sabes que podes me encontrar, na hora que quiseres, minha amada.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

NUM WHATS APP PRIVADINHO, NINGUÉM IRÁ TE SACANEAR MAIS DO QUE EU...


– Por onde andaria o esqueleto do meu preferido carnavalesco?
– Hahahaha... Moribundando, moribundando, moribundando por aí, sem engolir um gole sequer de Cachaça. Por falar em Cachaça, tu tens visto a Pinga?
– Vixe! Nem rastro. Depois que os Home meteram as lixeiras a céu aberto nos vãos sociais da nossa Homeland, garrafas desapareceram. Nem cheiro.
– Caraca, Mana. As Autoridade tão mandando pesado e fedido nessas tuas partes, hein! Vem cá, nem tu estás podendo beber então?
– Cara, to de dieta. E com medo que acabe a água, cumprindo-se as pragas da minha avó quando ficava brava: “Isso, fica aí chorando e vivendo de vento. Faz água das próprias lágrimas. Quem sabe amanhã tu acordas com fome de viver sem perder tempo com o que não vale nada”.
– Essa doçura toda da velhinha era pra mim?
– Tá se achando? Era pro teu rival. O que ela dizia sobre ti não dá pra publicar. Censurado. Conar manda tirar do ar dizendo se tratar de merchan subliminar com incitação ao terrorismo doméstico.
– Tssa! Duvido. Pô, Flor, tu não queres ter comigo também um desses whatsape privê, pra esquentar as baterias deste meu Carnaval alegórico, em fantasia de vampiro?
– Se liga, Mané! Morto não tem como falar no whats app, não. Tu não vistes o Cameron dando o número? Tamotudofora. Ninguém entra.
– Que nada, tonta! Falou isso pra galera relaxar e se jogar no escuro. Hahahaha.... Mané vai com tudo e o Cameron vem com câmera, gravador, microfone, microonda, geladeira, algema, nave espacial, o uísquenbál...
– Tá. Pronto. Sobrou garrafa pra mim de novo. Na minha lixeira, nem pensar. Detonadíssima. Pode levar de volta pra tumba. Mas diz aí, Aspargo, cai ou não cai?
– A tampa?
– Hahaha.... Cai toda hora, Mané. Não me sacaneia.
– E não vai pensando que sou eu atrás da Pinga ou da Cachaça, não. Agora, nunca se sabe quando Sir Cameron invoca de querer saber que fim levou o uísquenbál do whastap dele, pô. Tenho nada com isso, Flor. Segura essa tampa no lugar aí, que o mar não tá pra tubarão, menos ainda pra baleia.
– Gato Sem Mais Vidas, tu podias explicitar?
– Muito mais de sete, amore mio.
– I didn’t get.
– Nem eu, já disse.
– Ronda lá, cara.
– Que ronda lá, Flor. O psicodramático do meganhaqueuvou que tu descolastes nas esferas das importações empareda tudo.
– Mas ninguém te enxerga, fantasma desossado!
– Tu que pensas. Cheira defunto, sacas?
– Jura?
– Treinamento ostensivo, tu sabes como é! Niquiquieu materializo o primeiro dedinho, já sinto aquela fungada no cangote de gelar constelação, tendeu? Por isso é que eu tô te propondo um whatsap privadinho... Hahaha... Topa vai!
– Mané, então, fui, porque tô vendo que hoje tu não me serves de fonte pra nada.
– Que dispensada! Aliás, faz décadas que tu adoras me dispensar na véspera do Carnaval, lembras?
– Pra curtir um passe e uma ata, lembras também?
– Amorzinho... Que saudade!
– Sentiu?
– Is it possible esse meganhaqueuvou abrir a lixeira onde não deve e jogar loção pós-barba na santa cara de pau flutuante e desmaterializada que Deus lhe deu?
– Como dizia minha avó, por culpa de uns e outros, eu continuo vivendo de vento, tá vendo só?!! Vale a pena perder tempo?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

PORQUE EU GOSTO É DE ROSAS...





– Tuiuiu, tuiuiu, tuiuiuuu...
– Quem me chama? É a cana?
– Defuzinho, meu amor, tava com saudade?
– Da morte fácil que é viver acompanhando essas tuas bandas, minha linda?
– Se tu achas que tá difícil na morte foi porque na hora da vida tu vivias dando moleza... saco.
– Oi? Saco? Santa Ponte dos Desconsolados sem Apoio pra Salto. Tu continuas sem olhar por onde andas? Tu vistes a quantidade de tropeços?
– Take easy, man.
– Tuiuiuteiquer... Invadiram nossa dimention, tu não percebestes?
– Que a casa caiu? Pô, Defu, cá estamos. Forget about. Deu tudo certo. Nem pó no sobretudo. Já tô em outra...
– What?
– Mané, se liga. Tu achas que rola uma segunda temporada com esse Bachelor?
– Flor, tu estás brincando. Tu achas que o Itália vai levar todas pro rodo, literalmente, depois volta com a vassoura e, numa varrida mágica, devolve as pétalas divorciadas do botão, dizendo que nada valeu e aí começa tudo outra vez?
– Hahaha.... Tu estás narrando casamento na vida real, não de princesa. Tô perguntado do reality, aquele da Mansão das Rosas, onde o símbolo místico se desfigura, mas, em compensação, a mulherada se joga com gosto no caldeirão. Sem Huck.
– Oh! Criatura Mimosa, sob o véu às vezes tão maldosa, diga-me: o que tu queres com o Itália desgarrado? Tu já não tens teu próprio bacharelado, certificado por Mestres deste e de outros mundos? Vai o Itália Man e para o lugar dele, óbvio, outros “homens livres” vêm. E assim o conto continua... Queres que eu te inscreva em algo parecido?
– Well... Quais as opções na minha faixa?
– De idade?
– Não. Na faixa horária na qual eu não seria censurada, porque tu vistes a cara de desprezo do delicado apresentador para a eliminada Valentina após a “despedida de solteira” que ela sinalizou pra rival Aane? Até as rosas murcharam, imagine o tesão do italiano.
– Flor, não escorrega... Tá fácil não. E pode até piorar, aqui e acolá, por toda banda. Tem coisa que pula de cabeça em cabeça, sem ser piolho, sem ser visto, sem remédio pra alívio e, passada a hora do arrependimento, da manutenção geral, vem aquela vontade louca de saltar. Sintoniza em outra.
– Em outra faixa?
– Em outra parabólica, pra não dizer logo parábola.
– Cara, só tava sacando que quanto mais Bachelor, quanto mais temporada, mais mulherada feliz na mansão e fora dela, de olho na hora da dispensada. C’est la liberté de l’expression de mes sentiments. La hereux solitude par le manque de mémoire. Tu compris?
– Bien sure. Comme les Anglais. On peut retourne a parler en portuguese?
– Pardon.
– Finalmente. Um pedido de desculpas, ainda que em francês. Tu vistes, não vistes?
– Cruzes pra todo lado. Não precisava exagerar. Não sou cega.
– Linda, tu tens ideia do tamanho da energia investida no plasmar de fluídos nos 12 abaixo do zero?
– Hahaha.... Pô, Defu, muda de faixa...
– Faixa de parabólica?
– Não, faixa de peso. Dá uma engordada no teu fantasma pra aguentar mais o frio nessa hora, cara. O que tu queres que eu diga? I give up? Nem dá tempo pra pensar... É pensar sem pensar pra fazer mais rápido sem perder tempo e não cair na cila. Mas reconheço que um pouquinho mais de disciplina facilitava...
– Uau... Dormindo a gente se entende, então?
– Hahaha.... Definitivamente dormindo, sim. Vamos?
– Dormir juntinhos?
– De certa forma – a etérea, digamos –, é impossível chutar certos Mestres da cama.
– Mestre por acaso é cachorro mau pra ser chutado?
– Dependendo da circunstância, não é mau, nem é para ser chutado, mas pode ser um cachorro, sim, e dos mais elevados e criativos do mundo, digamos, para as ações que exigem os maiores esforços de fidelidade deste mesmo mundo.